segunda-feira, agosto 31, 2009

but we don't

"Oh, Kay. Greg Mankiw looks at a graph showing that children of high-income families do better on tests, and suggests that it’s largely about inherited talent: smart people make lots of money, and also have smart kids.
But, you know, there’s lots of evidence that there’s more to it than that. For example: students with low test scores from high-income families are slightly more to finish college than students with high test scores from low-income families.
It’s comforting to think that we live in a meritocracy. But we don’t.
"

(Paul Krugman, Heredity, environment, justice)

domingo, agosto 30, 2009

dez anos

Referendo em Timor-Leste, que legitimou a independência e pôs fim à ocupação indonésia (na foto: polícias tentam controlar a multidão que se aglomera numa secção eleitoral para votar, em Maliana, 100 km a sudoeste de Dili)

sexta-feira, agosto 28, 2009

o nojo

"Já nem falamos do antigo arguido no processo da Casa Pia, Paulo Pedroso que, recebido na Assembleia com palmas dos seus correligionários, após ter ganho a sorte grande no segundo recurso para a Relação, vem agora, qual galinho da Índia, dar conselhos ao seu partido. (...) O pior são as palavras de Ferro Rodrigues – também procedente do mesmo saco da antigos suspeitos no caso da Casa Pia."

Do artigo de opinião ("O descaramento") do Chefe de Redacção do Jornal Avante, Leandro Martins, e que o Director, José Casanova, terá considerado digno de publicação. Em matéria de falta de escrúpulos nada distingue, em certos momentos, o PCP do partido de Paulo Portas.

quinta-feira, agosto 27, 2009

uma história da música (IX)

Crises (Mike Oldfield, 1983)

quarta-feira, agosto 26, 2009

quo vadis, js?

terça-feira, agosto 25, 2009

a solução natural

Falésia da Praia Maria Luisa (antes e durante a remoção do rochedo)
Foi estranho não ouvir ninguém lembrar que as formações rochosas que desenham uma parte muito significativa do litoral algarvio são um património raro. Foi estranho sentir que não houve sequer um momento de ponderação, ainda que breve, sobre o que fazer à parte sobrante do rochedo que ruíu. Um confronto mínimo, que fosse, dos valores em jogo. Uma discussão sobre as formas de conciliar a segurança das pessoas com a salvaguarda do património natural.
O relevo cársico é uma tipologia geomorfológica rara no mundo e, em termos comparativos, uma das mais vulneráveis à erosão. A sua formação não se repete, simplesmente, na escala de tempo da história humana. O que hoje temos, uma vez destruído (por erosão natural ou acção do homem), não se recupera, não se regenera nem se reproduz (imagine-se, por exemplo, o que seria a Praia da Rocha sem as magníficas formações que lhe dão identidade).
Não sei se era viável o cenário de cercar eficazmente a área de risco, impedindo o acesso de turistas e veraneantes (e vá lá que felizmente não se optou por começar a construir um longo muro de betão a recobrir toda a falésia). Apenas se estranha que a remoção da parte sobrante do rochedo fosse a solução imediata, óbvia e natural.
Num país normal, os avisos de "perigo" deveriam bastar para que qualquer pessoa se afastasse com segurança da sombra das falésias (sendo que é de facto muito difícil estimar o seu grau de iminência de queda). E pessoas responsáveis não diriam (como disse numa entrevista um veraneante encostado à sombra de uma falésia sinalizada, já após o acidente da Praia Maria Luisa) que a culpa era do Estado, que não o impedia fisicamente de se sentar na sombra tentadora, no areal junto ao mar.

segunda-feira, agosto 24, 2009

eyes wide shut

(Imigrantes italianos chegam de barco aos Estados Unidos, no início do Século XX)
Dos 78 eritreus que tentaram chegar a Itália na semana passada, apenas 5 sobreviveram, conforme noticiou o Público do passado dia 22. Segundo o relato dos sobreviventes, os corpos dos restantes 73 foram deitados ao mar. Os que chegaram, reduzidos a esqueletos, foram salvos por um pescador, depois de vários barcos passarem ao largo, suscitando no ACNUR a preocupação pelo facto de "o endurecimento das políticas governamentais em relação às pessoas dos barcos [poder ter] o efeito de desencorajar os capitães dos barcos de continuarem a honrar as suas obrigações internacionais marítimas."
O editorial da primeira página do diário episcopal Awenire coloca, certeira e incisivamente, o dedo na ferida: "Quando hoje lemos sobre as deportações dos judeus sob o nazismo perguntamo-nos: seguramente as populações não sabiam. Mas estes comboios cheios, as vozes, os gritos nas estações, ninguém os via nem ouvia? Na época era o totalitarismo e o terror que faziam fechar os olhos. Hoje não. Uma indiferença tranquila, resignada, talvez mesmo uma aversão ao Mediterrâneo. O Ocidente tem os olhos fechados."

domingo, agosto 23, 2009

coisas deprimentes

O sofrimento da jornalista Isabel Coutinho, que decidiu ficar sete dias sem acesso às novas tecnologias (nomeadamente telemóvel e internet), relatado na Pública de ontem (estória que de resto justificou chamada à capa da revista). A ideia é interessante, não é isso que está em causa. O que causa perplexidade é a ausência de sentido da proporção das coisas e o dramatismo despudorado no modo como a jornalista descreve a terrível provação por que passou (como numa das passagens iniciais do texto: "zás (o Luís puxa o cabo de rede do meu computador). Já está? Respiro fundo e digo: "Morri."", ou quando, no final da tremenda aventura, a jornalista confessa: "Tenho um sorriso estampado na cara. Recuperei a minha vida normal.".
Bem sei que estamos em silly season, mas custa a crer que ao escrever o artigo sobre este drama da sua vidinha urbana, Isabel Coutinho nem por um momento tenha parado para pensar no que são e significam reais situações de dificuldade, provação e sofrimento, por que passam tantas pessoas de carne e osso (impedindo-a portanto de temperar a escrita).
Depois desta façanha, aguarda-se com imensa expectativa pelas próximas aventuras de situação-limite de Isabel Coutinho. Sete dias sem o comando da televisão ou igual período de tempo sem o aspirador de migalhas da cozinha.

quarta-feira, agosto 12, 2009

não é nada com eles

Conta o Público de ontem a história de vida de um grupo de imigrantes romenos e tailandeses, mantidos numa casa sem mobília, no Alentejo, onde dormem no chão, em cartões, e são sujeitos a violência física, extorsão de dinheiro, fome e medo. Levantam-se todos os dias entre as 3h e as 4h da manhã, para trabalhar em explorações agrícolas localizadas a 50 ou 100 km de distância, regressando no final do dia. Ganham o equivalente ao salário mínimo nacional, trabalhando entre oito a doze horas por dia, muitas vezes somando domingos e feriados à jorna semanal. Descalços, sujos, esgotados e subnutridos, pediram restos das refeições dos clientes num café de Selmes, no concelho da Vidigueira. São contratados por agências de trabalho temporário, reconhecidas pelo Estado português e criadas por máfias que controlam redes ilegais de imigração.
A notícia fala da condição de vida desta gente, da estranheza e do medo dos habitantes de aldeias por onde passam. Do problema das máfias e dos seus métodos. Mas na sombra de tudo isto ficam os proprietários das explorações agrícolas que contactam estas empresas de trabalho temporário. Daqueles que, certamente, consideram nada ter que ver com estas vidas, com a indignidade e a exploração. Isso não é com eles. Eles limitam-se a pagar a alguém que lhes arranje mão-de-obra para o trabalho nos campos que possuem. A mesma cristalina indiferença e abjecta distância com que o latifundiário que aparece no início do documentário Torre Bela tece considerações sobre a conservadora e "natural" sociologia agrária das relações de trabalho, no Alentejo que antecede o 25 de Abril.

terça-feira, agosto 11, 2009

epitáfio

segunda-feira, agosto 10, 2009

coisas deprimentes

Ouvir inesperadamente num táxi, a meio da tarde, um programa da Antena 1 chamado "Dias do Avesso", com a jornalista Isabel Stilwell e o psicólogo Eduardo Sá. O tema de hoje foi "Eros" e para lá da estupefacção, não consigo encontrar palavras que descrevam o que foi dado a escutar.

quarta-feira, agosto 05, 2009

com duas letrinhas apenas

Se descobre a política de verdade em Portugal

segunda-feira, agosto 03, 2009

filmes do mês: julho

Um mês sem filmes candidatos a melhores do ano, tendo sido visionados State of Play (Ligações Perigosas), de Kevin Macdonald, Un conte de Nöel (Um conto de Natal), de Arnaud Desplechin, e Ice Age 3: The dawn of Dinossaurs (Idade do Gelo 3: O despertar dos Dinossauros).