domingo, setembro 11, 2005

bahia morning sunset

O mar denso e calmo, onde as palmeiras e o perfil da cidade se recortam, são o que se espera de um postal, que poderia contudo ilustrar mil outros lugares do mundo.
Não se avista daqui o centro histórico. Mas é como se estivesse sempre presente, numa espécie de holograma, para onde quer que o olhar se dirija. Não se vislumbram as igrejas sobre a rugosidade do casario, nem as ruas estreitas que de onde em onde abrem para praças vivas de gente e comércio.
Não se adivinha a calçada portuguesa, e menos ainda as imagens passadas, que espontaneamente se esboçam no pensamento. A compra e venda de escravos, as vestes alvas e coloridas. Mas é como se tudo estivesse presente em toda a parte.
À noite, no interstício de ruas que envolvem a zona do Pelourinho, um lapso de tempo comovente. Feito de crianças em sintonia nas mil e uma percurssões que preenchem a atmosfera da rua. Tocam como se respirar assim fosse a sua condição e esperança. Como se em cada batida, infalível e certeira, ressoasse o pulsar da sua existência, da própria vida, nitidamente mais longa do que as suas idades fariam supor.